13 agosto 2006

Cadernos de cinema

Luís Amado é um crítico de cinema radicado nos Estados Unidos da América que lecciona actualmente na prestigiada School of Film Studies de Nova-Iorque, sendo autor de livros como “Ozu and the poetics of cinema” (British Film Institute) e “Making meaning: Inference and Rhetoric in the Interpretation of Cinema” (Harvard University Press). Na sua passagem pela Cinemateca Portuguesa no passado dia 19 de Julho, pedimos-lhe que escrevesse um pequeno comentário sobre um filme português da sua preferência, que apresentamos em seguida.

Pequeno comentário ao filme “Non ou a vã glória de mandar” (Manoel de Oliveira)

Baseado na história de Portugal, "Non ou a Vã Glória de Mandar" recorda as batalhas travadas pelos portugueses desde o tempo de D. Afonso Henriques até à guerra colonial. O realizador adopta uma cosmovisão funcional que mina verdades auto-idênticas, subvertendo os efeitos do tempo e desafiando a lógica diacrónica a que estamos habituados. A narração desconstrutivista refere-se, portanto, a um espaço nómada (no sentido em que é usado por Deleuze), que é um ponto intermédio de lugares relevantes na História de Portugal. Entre chamas, destroços e sangue, descobrimos assim uma ligação desconexa mas intuitiva com uma identidade nacional, que resulta numa quebra emocional e psíquica colectiva, ou seja, numa cristalização de um desejo de mudança que norteia o espírito Humano...
Portanto, deixando de lado as tangas pseudo-filosóficas, curti bué do filme!
Um grande abraço!
Luís Amado.