24 julho 2008

A biografia de John Dyke

Poucos conhecem a odisseia de John Dyke, um homem que sofreu a incompreensão de todos até se conseguir afirmar como um dos músicos mais originais do seu tempo. Dyke nasceu num bairro modesto de Londres a 17 de Setembro de 1955 e foi criado apenas pela mãe, uma vez que o pai abandonou a família quando ele tinha apenas seis anos. Um pouco entregue a si mesmo em criança, vagueava muitas vezes pelos teatros do West End, onde fazia amizade com músicos e assistia à socapa aos ensaios de musicais.
Sem dinheiro para comprar um instrumento musical, Dyke tentava fazer música soprando no gargalo de uma velha garrafa, desenvolvendo sozinho uma escala rudimentar descrita pelos seus contemporâneos como “semelhante a uivos de um cão atropelado”. Conta-se que, das primeiras vezes que subiu aos palcos- ainda não tinha catorze anos- e tentou fazer uma demonstração das suas capacidades, o seu som já era apenas sofrível, mas que o público não o levou a sério e o rejeitou de forma bastante cruel. Esta incompreensão também se estendia a outros músicos e professores de música, que o aconselhavam a arranjar um instrumento ou a aprender a cantar, uma vez que soprar num gargalo de uma garrafa não era considerada uma forma de fazer música própria para palcos.
Dyke passou os seus primeiros anos de vida adulta a trabalhar de dia como condutor de autocarro e de noite como músico. Quer dizer, de noite, sentava-se na varanda do seu pequeno apartamento e soprava no gargalo da sua garrafa, enquanto sonhava com uma actuação num dos grandes palcos de Londres. Isto quando a vizinha de baixo não se lembrava de dar com o cabo da vassoura no tecto até ele parar de tocar. Nessas noites, limitava-se a estudar os pesados manuais de música que requisitava na biblioteca municipal. O condutor de autocarro-músico continuou a aumentar a sua perícia no gargalo, até que se tornou suficientemente bom para ser convidado a fazer um anúncio televisivo a refrigerantes. Tornou-se, assim, uma espécie de celebridade local, passando também a fazer pequenas aparições em festivais de música. Só que Dyke não gostava do modo como era tratado nestes eventos, sempre com o estatuto de “curiosidade” ao qual não se dispensa mais do que dez minutos de atenção. Por isso, resolveu compor a sua própria música, gravou-a num estúdio improvisado que montou em casa (aproveitando o período de férias da vizinha de baixo) e levou-a a todas as editoras que existiam na cidade, que rejeitaram os seus planos sem sequer hesitar.
O tempo passou, Dyke casou com uma mulher que trabalhava no supermercado onde costumava fazer compras, teve dois filhos, e a música teve de ficar de lado. Uns anos mais tarde, um antropólogo convidou-o a participar num CD que tinha o título auspicioso de “Weird music”. E foi assim que um dos seus temas foi finalmente editado e se descobriu acidentalmente que a música de Dyke repelia tubarões, cangurus e cães com cio, o que fez com que a sua música ficasse conhecida a nível mundial e passasse a figurar nos anais da história da música como “um dos sons mais originais e com maior aplicabilidade para repelir animais do século XX”...