A guerra na faixa de Gaza
Durante o ano que passei em Inglaterra a fazer mestrado, desenvolvi uma amizade bastante forte com um israelita chamado Gil. Apesar de ter regressado a Portugal em 2001, já nos encontrámos várias vezes desde essa altura e falamos com alguma regularidade ao telefone.
Assim sendo, e apesar de continuar a não concordar com alguns dos acontecimentos históricos que caracterizam aquela parte do mundo, consigo perceber bastante melhor o ponto de vista israelita devido ao contacto regular com o Gil. Mais do que isso, a situação naquela região do mundo tem agora contornos pessoais, é algo que afecta a vida do meu amigo e, consequentemente, me afecta (em pequena medida) a mim.
Tudo isto para explicar que, quando vejo na televisão aquelas imagens dos militares israelitas a avançarem pela faixa de Gaza e os milhares de refugiados Palestinianos a fugirem da guerra, tenho de relativizar e pensar que existem sempre dois lados para este conflito. E depois falo ao telefone com o Gil, oiço a versão dele e verifico que sim. É certo que os israelitas estão actualmente a usar uma força bélica de forma desmesurada, mas tanto as notícias como o Gil me informam que os israelitas sofrem desde há muito tempo os ataques dos chamados "foguetes", lançados constantemente pelos Palestinianos das cidades fronteiriças para Israel. Isto para além dos habituais ataques suicidas. E por muito que pense que a criação do estado de Israel foi um erro histórico, isso não justifica todos os meios terroristas que são usados pelos Palestinianos e outros povos Árabes contra os israelistas. Enfim, a história de Israel e da Palestina não é maniqueísta, pintada de branco e preto, feita de bons e maus. É, antes, uma história com culpados e inocentes de ambos os lados, em que é difícil perceber quem tem mais ou menos razão. A única coisa que posso esperar é que a guerra termine rapidamente e que as negociações internacionais de paz cheguem a algum lado...
2 Comments:
Apesar de, por vezes, em determindas situações, eu pintar a vida de preto e branco, bem sei que ela prima pelos tons de cinzento... De facto, acho que quase tudo na vida tem dois "lados" - o nosso e o dos outros (estejamos na pele de filhos/pais, namorado/a, marido/mulher, ateu/religioso, nacional/estrangeiro, israelitas/palestianos, etc, etc) - e não é fácil gerir isso, não é fácil tentar compreender a visão que o "outro" tem que é diferente da "nossa", mas há que fazer um esforço de ambas as partes e acima de tudo respeitarmo-nos uns aos outros.
Os israelitas e os palestianos deviam começar a tentar pôr esta premissa básica da convivência humana em prática o mais rápido possível, caso contrário a guerra (declarada ou camuflada) nunca há-de ter fim naquela região do mundo, ironicamente apelidada de Terra Santa...
Demasiados erros e intransigências, infelizmente eivados de um cariz religioso. Alguém terá que ceder. Quiçá os detentores de recordes no que toca a prémios Nobel não se esquecem do genocídio passado e procuram uma via menos bélica? A cedência deveria começar nos moderados....
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