Mudanças
1) Ela era uma jovem enfermeira japonesa bem-disposta, que se tinha despedido do seu emprego estável para viajar e aprender inglês no Canadá durante seis meses. Conheci-a na Prince Edward Island, por estarmos alojados no mesmo sítio, e depois de alguns dias, percebi que também precisava daquele tempo de peregrinação para esquecer o ex-namorado, de quem se tinha separado recentemente. Disse-me, também, que dificilmente encontraria alguém, que era pouco provável que se voltasse a apaixonar. Depois de nos despedirmos, há cerca de dois anos, nunca mais ouvi falar dela. Descobriu-me recentemente no "Facebook" e contou-me que tinha conhecido um Canadiano com quem se tinha casado, que se tinha mudado definitivamente para o Canadá e que já tinha um filho com quase um ano. Ela, que provavelmente iria ficar solteira para sempre!
2) Quando a conheci há cerca de um ano em Porto Alegre (sul do Brasil), estava a estudar Marketing e Publicidade e trabalhava em part-time como secretária, para ajudar a sua mãe divorciada a pagar as contas. Pensava em arranjar uma casa perto da mãe, um emprego e em casar com o seu namorado de longa duração. Pouco tempo depois de ter regressado a Portugal, soube que se tinha separado. Ontem, disse-me que se tinha mudado para São Paulo, para concluir o seu último ano de faculdade. Gostei, sobretudo, do modo como disse: "Mãe esta é a hora", esperando que a mãe aceitasse bem a sua decisão de a deixar sozinha, e como a mãe respondeu:" Então, boa sorte". E eu convencido de que ela era uma rapariga pacata, que queria apenas uma vida simples, na sua cidade-natal.
Depois destes dois exemplos, sinto-me tentado a concluir que estes seres que se cruzam acidentalmente connosco em viagem, têm (aparentemente) uma vida própria. Atrevem-se, mesmo, a mudar grande parte das suas vidas e chegam a acusar-nos do mesmo pecado mortal da mudança, quando lhes contamos as nossas novidades. Esses, que deviam permanecer para sempre quietos, cristalizados no tempo...
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home