01 março 2009

A minha relação com a lixívia

À falta de um tema mais interessante e menos prosaico, eis a história da minha relação com a lixívia. Quando iniciei a minha carreira de fada-do-lar, tinha uma grande admiração por ela, usando-a constantemente como a varinha de condão que deixava tudo braquinho e desinfectado. Apesar de concordar com as críticas de outros que a consideravam muito agressiva, defendia-a com unhas e dentes, dizendo que era graças a ela que podia manter um regime de pouco esforço na lida da casa. Até que estraguei umas calças de fato-de-treino e uma t-shirt por causa de uns salpicos...
Desiludido com a minha dedicada mas corrosiva amiga, adoptei medidas drásticas: antes de a manusear, punha-me em cuecas. Mas quando apareceram umas pintinhas brancas no tapete da casa-de-banho, decidi que ela era lixivia non grata. Antes de sair porta fora para nunca mais voltar, ela disse-me na cara que tinha percebido que a tinha trocado pela lixívia delicada. E era verdade: antes de tomar a decisão, já eu andava enrolado com a lixívia delicada, com quem mantive uma relação estável durante mais de um ano. Só que sentia que faltava alguma coisa a este romance tépido... É que a delicada era, por vezes, demasiado delicada. Não havia aquele fogo, aquela paixão, aquele ardor que existia na relação anterior. E foi assim que dei por mim a fazer olhinhos à lixívia normal no supermercado, até que um dia não resisti a trazê-la para casa para consumar esse amor. Claro que continuamos a ter problemas e temos de trabalhar continuamente na nossa relação, para que as coisas resultem entre nós. Mas não será destino da espécie humana uma eterna insatisfação com a lixívia que usamos e a ambição por um mundo melhor onde pessoas e produtos de limpeza e desinfecção possam viver em paz e harmonia?

3 Comments:

Blogger Vanessa said...

Tu tens essa relação amor-ódio com a lixívia, eu tenho com quase tudo o que é detergente cá em casa (pensando bem, também com mobília, produtos de higiene e afins, a lida e eu...nahh).
O que importa e o que sobresai é que és um "mocito" lavadinho, asseado e com bom gosto cinematográfico :)

7:57 da tarde  
Blogger fercris77 said...

Bruno, devias passar a outro capítulo: o do óleo de cedro!
Lol, eu aprendi a adorar lixívia nos WC, mas o cheirinho nos dedos faz-me lembrar que não gostaria de ser empregada doméstica.

Gostei do teu post. Parecerei muito preconceituosa se te disser que quase escreveste como uma gaja??? Lol. És um homem pós-moderno, deixa...

Um abraço da Fernanda

11:06 da manhã  
Blogger Bruno Miguel Pinto said...

Olá, Fernanda. A minha relação com o óleo de cedro bastante mais complexa: raia a devoção e, portanto, não me sentiria bem em partilhá-la através de um post... Eu vou considerar isso de escrever quase como uma gaja ou como um homem pós-moderno como um elogio...

Beijos

10:49 da tarde  

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