28 fevereiro 2009

Esquisso de um jovem advogado

"Eu sou melhor do que os outros. É esta a primeira coisa que digo todos os dias depois de acordar. Sei que esta afirmação não é politicamente correcta, mas faço-o para me dar a força que preciso para enfrentar os meus colegas. Sou advogado, trabalho numa das melhores firmas de advogados do país e, se não estou atento, todos me passam por cima.

Os escritórios de advogados e os tribunais são locais perigosos, em que tenho de estar sempre alerta para não me enganarem. As minhas principais armas são a inteligência, a eloquência, a astúcia, mas também o fingimento, a mentira e a manipulação. Desculpem, não estou aqui para pintar o mundo de cor-de-rosa. As coisas são como são, é aceitá-las ou tornarmo-nos ermitas. Vi uma vez num documentário que as piranhas também se comem umas às outras. Movo-me num mundo de piranhas, tenho de estar sempre atento para sobreviver. E se tiver oportunidade, passo rapidamente ao ataque.

Dizemos que exercemos a advocacia para zelarmos pelo cumprimento da justiça, mas na realidade zelamos apenas pelos nossos interesses. Os melhores advogados que conheço já conseguiram ilibar clientes que sabiam serem culpados. Se o advogado for muito bom, consegue quase tudo.

Sempre fui um excelente aluno na escola, elogiado por professores e invejado por outros alunos. O meu pai era militar e sempre me incutiu uma disciplina férrea e a necessidade de pertencer ao grupo dos melhores. “Tens de ser sempre um dos melhores”- era o que ele me costumava dizer. E tinha razão: os melhores dominam o mundo. É no grupo dos melhores que eu quero estar. No grupo dos líderes, que dominam todos os outros. E acho sinceramente que tenho tudo o que é necessário para aí estar (...)".

05 fevereiro 2009

Curto apelo à generosidade

Quando lhe sugiro que deixe uns sacos do lixo para o próximo inquilino, ela diz-me que não. Está prestes a sair daquela casa, que será ocupada por um desconhecido. Diz-me que, quando chegou, também não encontrou nenhum saco para o lixo, portanto, porque é que ela haveria de os deixar? Às vezes, também penso como ela. Os meus calos ainda não foram pisados muitas vezes, mas já foram algumas. Mas depois lembro-me que vale a pena ser generoso, que também gosto de receber a generosidade dos outros. E, por isso, vou pedir-lhe novamente que deixe uns sacos do lixo para o próximo inquilino...